Extremos da Tolerância Humana
sábado, 27 de junho de 2009
A água pede passagem
Até agora foram descobertas 13 aquaporinas em mamíferos, sendo 6 presentes nos rins, esboçando a importância da rápida movimentação da água nesses órgãos, que têm a responsabilidade de filtrar o sangue e reabsorver o excesso de água da urina. Para tanto utilizam-se desses poros principalmente em seus ductos coletores (nos glomérulos de malphigui), onde se tem a maior taxa de reabsorção. As aquaporinas que mais contribuem para isso são a AQP-1 (reaponsável por 70% da reabsorção hídrica) e a AQP-2 (10%). Essa última é especialmente importante por ser ADH-dependente, ou seja, necessita desse hormônio para ser liberada da vesícula citoplasmática onde fica armazenada, fundindo-se, então, com a membrana celular e realizando sua função de transporte (tais mecanismos já foram descritos na postagem "Que Sede!"). Pessoas com deficiência na produção desse hormônio ou na expressão da AQP-2 possuem Diabetes Insipidus. Abaixo a figura mostra o funcionamento de algumas aquaporinas (clique em cima dela para visualizar melhor):
Referências Bibliográficas:
- http://www.ufmt.br/bionet/curiosidades/15.09.04/aquaporina.htm
- http://www.medicinacomplementar.com.br/tema070108.asp
- http://en.wikipedia.org/wiki/Aquaporin
- http://www.bio.miami.edu/~cmallery/150/memb/water.channels.htm
- http://nobelprize.org/nobel_prizes/chemistry/laureates/2003/animations.html
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sexta-feira, 26 de junho de 2009
Que sede!
A perda de água pelo organismo, naturalmente, se deve à excreção de urina, defecação, transpiração (com ou sem sudorese) e respiração (vapor). A desidratação, e consequente sede, parecem ter o metabolismo bioquímico inverso da intoxicação hídrica, explicada anteriormente. E, basicamente, sim. A redução de líquidos corpóreos causa diversos danos à homeostase do organismo. Insuficiência renal aguda, desregulação hidroeletrolítica (hipernatremia e hiperosmolaridade sanguínea), hipovolemia, hipotenção sanguínea (com taquicardia), hipertermia e diversas outras consequências destas fazem parte do diagnóstico de desidratação severa, culminando, na ausência de tratamento, em morte.
Tais efeitos são fáceis de explicar, pois todos têm relação, micro e macroscopicamente. A grande perda de água aliada à não reposição acaba reduzindo o volume sanguíneo (hipovolemia). O coração então reage à hipotensão aumentando o ritmo cardíaco, para evitar choques circulatórios (isquemia, hipóxia de tecidos). Para fornecer mais energia tem-se ainda taquipnéia. A falta de àgua no plasma prejudica a perspiração, impedindo a regulação térmica (sem eliminação do excesso de energia térmica) e causando hipertermia.
Já a insuficiência renal aguda, nesse caso classificada como pré-renal, é causada como resposta fisiológica dos rins à redução da perfusão sanguínea renal. Tal reação consiste na diminuição e até interrupção abrupta e persistente da função renal, acumulando excretas nitrogenados e gerando as consequências já descritas. Isso se deve, em parte, a mecanismos neuro-hormonais do organismo que visam evitar a perda excessiva de água, mas que acabam, em casos extremos, prejudicando sua fisiologia. O principal hormônio aqui envolvido é a vasopressina (ADH), produzida no hipotálamo e armazenada na neuro-hipófise. Sua secreção está relacionada ao aumento da osmolaridade plasmática e da glicemia (quando na presença de insulina). Agindo majoritariamente nos rins (receptores V1 e V2 dos néfrons), sua principal ação é aumentar a permeabilidade, à água, da porção final do túbulo contorcido distal e do ducto coletor, com osmose auxiliada pela hipertonicidade do intersticio renal promovida por reabsorção de eletrólitos (transporte ativo impulsionado, dentre outros mecanismos, pela aldosterona - reabsorve Na+).
Néfron
O ADH promove a fusão da permease Aquaporina II (AQP-2), armazenada em vesículas citoplasmáticas, à membrana plasmática, aumentando a permeabilidade de água. Defeitos genéticos ou patológicos nesses transportadores podem causar poliúria com urina bastante diluída, sendo uma das causas da Diabetes Insipidus.
Há um limite ao efeito anti-diurético do ADH, a partir do qual o aumento de sua concentração plasmática não interfere mais na reabsorção hídrica pelos rins. Nessas condições, o organismo tem de recorrer a outros mecanismos para manter a tonicidade de seus fluidos, como a ingestão de água, comandada pela percepção da sede.
Os mecanismos de regulação neuro-hormonal não param por aí. Na percepção da sede, o organismo utiliza-se dos efeitos da desidratação como estimulantes das reações que avisam o cérebro da necessidade de beber líquido. Os principais estímulos físicos são a perda de volume sanguíneo, causadora de hipotensão e hipovolemia, e o aumento da pressão osmótica plasmática. Barorreceptores (átrio direito, grandes artérias e rins), receptores periféricos de distensão (átrios, vasos pulmonares e rins) e osmorreceptores (ventrículo direito, mucosa bucal, fígado, intestino e rins) as estruturas nervosas perceptoras daqueles efeitos, respectivamente. Por meio dos nervos Glossofaríngeo e Vago ou de hormônios dos órgãos, o cérebro recebe essas informações e toma decisões específicas a cada estrutura. Os rins iniciam o sistema renina-angiotensina: células granulares perceptoras da hipovolemia secretam o hormônio renina, que, no sangue, transforma angiotensinogênio em angiotensina I; este, então, é ativado enzimaticamente em angiotensina II, a qual estimula a hipófise (secretar ADH) e o córtex das adrenais (secretar aldosterona para absorção de sódio, auxiliando na reabsorção hídrica) e ainda causa vasoconstrição, aumentando e normatizando a pressão sanguínea. No coração há, ainda, a redução da secreção do peptídeo natriurético atrial (vasodilatador) por algumas células do miocárdio.
O tratamento da desidratação severa é basicamente o uso de soluções repositoras do balanço entre água e eletrólitos (soro fisiológico), intravenosa ou oralmente, de acordo com as necessidades do enfermo. Em casos leves, repositores hidroeletrolíticos convencionais são preferíveis a água, especialmente se a desidratação for devido a exercícios físicos, pois se perdem muitos eletrólitos (sais minerais) pela sudorese.
Por fim, temos como causas da desidratação anormal um leque muito diverso, de exercícios físicos intensos e prolongada falta de hidratação a patologias. Algumas destas são: cólera, gastroenterite, febre amarela, diarréias, dentre outras.
Referências Bibliográficas:
- http://www.guinnessworldrecords.com/br/default.aspx
- http://en.wikipedia.org/wiki/Dehydration
- http://emedicine.medscape.com/article/241094-overview
- http://en.wikipedia.org/wiki/Hypovolemia
- http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/102/insuficiencia_renal_aguda.htm
- http://www.lincx.com.br/lincx/saude_a_z/prevencao/desidratacao.asp
Imagens:
- http://www.educarchile.cl/UserFiles/P0001/Image/Mod_1_contenidos_estudiantes_biologia/nefron.JPG
- http://www.travelblog.org/Photos/773904.html
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quinta-feira, 25 de junho de 2009
O que pode ter acontecido com Peter Tripp?
Parece ser relativamente estranho acontecerem tais consequências, tais como alucinações e queda da temperatura corporal. Existe uma série de estudos que relacionam os efeitos hormonais e fisiológicos aos acontecidos com Peter Tripp. Na área de privação de sono, o Brasil possui vários artigos importantes para o entendimento do assunto.
Primeiro, expliquemos fisiologicamente o que pode ter acontecido com o corpo de Peter. Um dos efeitos foi a queda de temperatura média corporal. Se olharmos bem a época do experimento rapidamente verificamos que nos EUA era inverno, o que naturalmente influenciou o experimento. Mas ao olharmos um estudo feito por mexicanos da Faculdade de Medicina do Distrito Federal do México, vemos que ratos que estavam privados de sono, apresentaram o mesmo sintoma. A explicação deles é relativamente simples, quando dormimos, o gasto de energia é naturalmente menor, ao mesmo tempo em que a atividade catabólica é desacelerada.
Com a privação de sono ocorre exatamente o contrário, fazendo com que o corpo necessite de maior ganho de energia, fazendo com que os ratos comam mais. Se há controle da quantidade de comida ingerida pelos ratos, há uma degradação lipídica, comprovada pela quase inexistência de tecido adiposo nos ratos, e um aumento da degradação protéica, comprovado pelo aumento de uréia circulante no sangue. Assim, com menor proteção pela camada lipídica, o corpo fica mais suscetível a mudanças de temperatura, que no caso eram para menos em Peter Tripp. Para a explicação das alucinações, como há um desgaste neuronal, de acordo com o passar dos dias, ele estava realmente mais propenso a sofrer alucinações que está relacionado a uma comunicação falha entre os neurônios, causando sensações diversas.
Mas o que nos interessa na verdade é a parte bioquímica da privação de sono. Segundo um estudo feito pelo Instituto do Sono, a privação de sono causa a alteração da concentração hormonal sanguínea. Entre os hormônios afetados, são ACTH, corticosteróides (cortisol), noradrenalina e dopamina (catecolaminas) os afetados mais importantes. Vejamos primeiro como atua a noradrenalina no sono. Este hormônio/neurotransmissor é sintetizado pela glândula supra-renal em condições de estresse e pelas fibras pós-ganglionares simpáticas neuronais.
Quando da privação de sono, como no caso de Peter Tripp, pode-se também
aumentar a carga de estresse também por outros mecanismos que já vão ser explicados. Isso faz com que a concentração plasmática do hormônio aumente. Este pelo mecanismo aqui explicitado acelera a produção de NAT que é a enzima que converte serotonina em N – acetilserotonina.
Isso faz com que o corpo assim que haja um período maior de fechamento dos olhos, rapidamente possa formar melatonina, criando um ambiente favorável ao sono, um dos fatores causadores da sonolência.
Agora, talvez o mais interessante seja estudar o aumento do hormônio ACTH. O ACTH é “um polipeptídeo, com trinta e nove aminoácidos, produzido pelas células corticotróficas da adenohipófise. Atua sobre as células da camada cortical da glândula adrenal, estimulando-as a sintetizar e liberar seus hormônios, principalmente o cortisol, também estimula o crescimento desta camada.”(1)Normalmente ele apresenta um ritmo circadiano, como a melatonina, mas de forma contrária. O ACTH possui suas maiores concentrações aos primeiros momentos após uma pessoa acordar. Como Peter estava sempre acordado os níveis de ACTH, que também estão relacionados ao estresse (mais altos nele), ficaram altos constantemente. Dessa forma, o cortisol também eleva suas concentrações plasmáticas, causado pela cafeína da mesma forma. O cortisol tem várias atuações, entre elas, a diminuição da síntese protéica e a inibição da absorção de aminoácidos pelas células causando um caso de maior degradação do que síntese de proteína. Assim, Peter alcançou depois de alguns dias um estado de queda de massa muscular, uma das razões da queda de temperatura do corpo de Peter, ou seja, um fator gradual.
Também se pode pensar no fato de que, se há maior degradação protéica, durante um grande período de tempo, com certeza haverá alguma consequência neuronal, pois a criação de novas conexões cerebrais fica afetada, o dito desgaste neuronal. Podendo isso ser a causa nas alucinações vistas pelo DJ.
Existe uma série de outras proteínas que poderiam ser estudadas, de acordo com um estudo da Sociedade Fisiológica Americana, cerca de 2400 genes relacionados ao sono tem sua atividade alterada pela privação de sono. Aqui apresentamos apenas alguns. Que as informações tenham sido úteis para o melhor entendimento de algo que é tão presente na nossa vida..
Referências:
-http://pt.wikipedia.org/wiki/Hormônio_adrenocorticotrófico (Versão em inglês também)
-http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42137/tde-16092008-113515/
-http://www.sono.org.br/pdf/2005%20Andersen%20J%20Sleep%20Res.pdf
-http://www.cerebromente.org.br/n16/opiniao/seven-ways3.htm
-http://www.revneurol.com/sec/resumen.php?id=2005285
-Macromolecule biosynthesis - a key function of sleep. Artigo em PresS. Physiol Genomics (August 14, 2007).
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quarta-feira, 24 de junho de 2009
À Deriva
Poon Lim, sobrevivente de 133 dias de mar aberto
Referências Bibliográficas:
- http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u99093.shtml
- http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20061030062358AAzAtGW
- http://noticiasdeovar.blogspot.com/2006_08_01_archive.html
- http://en.wikipedia.org/wiki/Dehydration
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terça-feira, 23 de junho de 2009
O menino que não sentia dor
Menino que não sente dor leva à descoberta de mutação genética
O estudo de uma mutação genética que torna seus portadores incapazes de sentir dor levou à descoberta de uma molécula que pode ser a base de potentes analgésicos. Cientistas da Universidade de Cambridge (Reino Unido) chegaram a essa conclusão após examinar pessoas com a anomalia em três famílias paquistanesas. A multinacional Pfizer já tenta criar uma droga com base no achado.
Os cientistas britânicos chegaram aos portadores da mutação com ajuda de colegas de Lahore (Paquistão), que descobriram a anomalia em um menino que se exibia nas ruas cometendo auto-agressão. "Ele fazia facas atravessarem seu braço e andava sobre carvão em brasa", relatam os pesquisadores em artigo na edição de hoje da revista "Nature". Ele morreu antes de ser examinado pelos cientistas, no dia de seu 14º aniversário, após pular do telhado de uma casa.
Por meio da criança, os cientistas localizaram membros de sua família --e de outras duas do mesmo clã-- que também tinham a mutação. "Seis indivíduos afetados nunca sentiram dor em nenhum momento, em nenhuma parte do corpo", diz Geoff Woods, líder do estudo.
Com testes genéticos, ele descobriu que a mutação que cancelava a dor estava localizada num gene chamado SCN9A. Esse segmento de DNA codifica uma proteína da classe dos canais de íons de sódio --moléculas fundamentais para a transmissão de sinais entre células.
Bombeando sódio eletricamente carregado para dentro e para fora de neurônios, essas proteínas ajudam a controlar a corrente elétrica que transmite impulsos nervosos como a dor. Ao reproduzir o processo com células cultivadas em laboratório, os pesquisadores descobriram que o canal de sódio codificado pelo gene SCN9A é especializado em sinais de dor.
Um sinal disso é que os portadores da mutação possuem todas as suas outras funções vitais funcionando perfeitamente. "Essa descoberta deve estimular a busca de novos analgésicos que tenham como alvo seletivo uma subunidade desse canal de sódio", diz o grupo.
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Intoxicação por metanol
A dose de metanol que causam prejuízos para os organismo humano variam de 20ml e 60ml.O álcool etílico pode ser usado para amenizar os efeitos da intoxicação por metanol, por inibir a oxidação do metanol, essa inibição pode ser explicada por os dois alcoois serem oxidados pela mesma enzima, sendo essa inibição por competição.
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segunda-feira, 22 de junho de 2009
Hipotermia
- Não- intencional/Acidental: que pode ocorrer com paientes submetido a procedimentos anestésico-cirúrgicos ou vítimas de trauma. Advém de fatores isolados ou associados que provoquem um descontrole no euilíbrio da temperatura corporal como perda excessiva de calor, inibição da termorregulação fisiológica.
- Terapêutica: instituída pela própria equipe médica com objetivos definidos: tratamento da hipertensão intracraniana, proteção neurológica pós-ressuscitação cárdio-pulmonar, durante cirurgias neurológicas e cardíacas.
A hipotermia provoca efeitos marcantes no organismo:
- Alterações metabólicas: Hiperglicemia resultante do aumento de sua produção e redução do seu consumo em decorrência da taxa de metabolismo. O aumento da produção é decorrente do estímulo simpático à liberação de adrenocortisonas, que atuam sobre a mobilização de glicogênio hepático, tendo efeito semelhante ao glucagon com resultados mais duradouros. A redução do consumo ocorre em consequência da redução da produção de insulina, levando a uma intolerância à glicose.
- Alterações no SNC: ocorre uma natural redução da taxa de metabolismo que acarreta numa vasoconstrição cerebral, reduzindo o fluxo sanguíneo cerebral e atuando diretamente sobre a pressão intracraniana.
- Alterações cardiovasculares: a redução da temperatura leva à diminuição da pressão arterial que é acompanhada de uma redução da frequência cardíaca gerando um menor débito cardíaco, que pode desencadear em situações mais severas a quadros de necrose do teciso por falta de aporte sanguíneo e e arritmias cardíacas.
- Alterações no sistema renal a nível de eletrólitos: ocorre a perda da capacidade de concentração da urina conhecido como "diurese fria". A hipotermia eleva os níveis de potássio intra-celular ocsaionando hipercalemia que induz um aumento do risco de arritmias.
- Alterações do equilíbrio ácido-básico: ocorre um aumento da afinidade da hemoglobina pelo oxigênio. Isto ocasiona uma dificuldade de liberação do oxigênio nos tecidos e consequentemente uma redução do seu consumo por estes. Esta redução também ocasiona uma diminuição na produção de gás carbônico, abaixando a pressão parcial de CO2 no sangue provocando uma elevação no pH sanguíneo.
- Alterações no sistema gastrointestinal: ocorre uma redução da motilidade gastrointestinal que ocasiona retardo na digestão.
- Alterações no sistema de coagulação: A hipotermia prolonga os tempos de coagulação, contribuindo para o risco de hemorragias. As causas podem ser: elevação de catecolaminas ou esteróides que interfiram diretamente no metabolismo da coagulação, hipoperfusão circulatória, leberação de tromboplastina oriunda de tecidos isquêmicos estimulados pelo frio.
A hipotermia pode ser classificada segundo o grau de periculosidade ao organismo:
- Leve - 34º a 36ºC - ocasiona apatia, diurese fria e hipovolemia.
- Moderada - 30º a 34ºC - ocasiona arritmias atriais, redução das frequências cardíaca e respiratória.
- Grave - <>
Referências bibliográficas:
http://www.scielo.br/pdf/rba/v56n1/v56n1a07.pdf
http://www.anestesiologia.com.br/
Vigué B, Guen M, Engrand N, et al. Therapeutic hypothermia. Ann Fr Anest Reanim. 2006 May 2; [Epubahead of print].
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domingo, 21 de junho de 2009
Hipertermia Maligna
Defeito de proteína muscular
Figura 1: Esquema da participação da rianodina tipo1 (RyR1) na hipertermia maligna: moléculas anestésicas entram nas células musculares(A), a proteína RyR1 mutada permite a liberação excessiva de cálcio, provocando contração continuada dos músculos(B) e ativação metabólica gerando aumento de temperatura.
Como acontece?
Os indivíduos com mutação da proteína RyR1 reagem atipicamente a alguns anestésicos gerais inalatórios utilizados atualmente, como halotano, enfluorano, sevoflurano e desflurano. O ritmo cardíaco aumenta, os músculos ficam mais tensos, podendo chegar a rigidez intensa e generalizada, a temperaturea corpórea aumenta em torno de 1ºC a cada cinco minutos(chegando a mais de 44ºC nos casos fatais), intensa sudorese e surgimento de sinais de destruição muscular. A coagulação sanguínea é fortemente comprometida e torna-se difícil controlar o sangramento. A urina apresenta-se escurecida em virtude da eliminação de mioglobina muscular, logo se estabelece a insuficiência renal aguda. Na fase mais grave o coração perde seu ritmo normal. Calcula-se que 70% dos casos resultam em morte.
Só ocorre como reação à anestesia?
Outros fatores podem desencadear uma crise aguda da doença. Existem relatos de casos de hipertermia maligna em pessoas que se submetem a exercícios físicos intensos, agudos e extenuantes. Há uma incidência associada à prova de suficiência física de ingresso para as forças armadas. Também há relatos de pessoas que dirigiram por várias horas com os vidro do carro fechado, apresentando os sintomas hipertérmicos.
As principais armas são a educação sobre a doença, o diagnóstico antecipado e o uso de medicamentos que controlem a liberação do cálcio nos músculos. Quanto à educação deve-se concientizar a população a respeito da doença e capacitar os profissionais que trabalham nas salas de cirurgia, além da necessidade de criação de centros de armazenamento de dados e serviços de informação ativos durante 24 horas (já acontece em alguns países). Quanto ao diagnóstico há um método considerado padrão em que realiza-se a medição da tensão(contração) ocorrida num fragmento de músculo quando subemtido à aplicação de halotano e cafeína. Nos portadores de hipertermia maligna a contração é intensa e capaz de exceder certos limites que caracterizam o exame como positivo. Também existe um modelo alternativo, menos doloroso e agressivo, a investigação genética.
Estima-se, hoje, que em crianças a incidência seja de uma para cada 10 mil cirurgias, e em adultos de uma para 50 mil. Em função da redução da mortalidade e ao desenvolvimento de novos meios de diagnóstico e de tratamento, o número de portadores de hipertermia maligna tende a crescer consideravelmente.
Referências bibliográficas:
-http://www.ncbi.nih.gov/pubmed
-http://www.anestesiologia.unifesp.br/hipertermiamaligna
Marcadores: Deivid Tavares
O que é o sono?
Primeiro, antes de falar sobre os casos de pessoas que ficaram dias sem dormir, é bom discutir, como funciona o sono.
Qual seria o objetivo de ficar dormindo um terço de seu dia? Principalmente, com o sono, descansamos. O problema é que fisiologicamente é muito difícil explicar o descanso. Durante o sono, o desgaste neuronal é recomposto, novas conexões são criadas e há um fortalecimento das conexões preexistentes. Temos uma menor capacidade de sentir estímulos externos e entramos em um estado de atonia, de relaxamento total das fibras musculares de muitos músculos voluntários, claro que dependendo da posição em que se dorme. Para que tudo esteja em ordem para o sono, basicamente, certas regiões se tornam hipoativas e outras hiperativas fazendo o corpo entrar no primeiro estágio do sono: o sono NREM.
Referências:
- http://www.revneurol.com/sec/resumen.php?id=2005285
- http://www.sono.org.br/
Marcadores: Leandro Pereira
Entendemos um pouco do sono. Mas, o que acontece quando não dormimos?
A sociedade atual claramente passa por um problema diário que é a redução da quantidade de horas de sono. Há uma variedade de razões para isso estar ocorrendo, dentre elas estresse, muito trabalho, festas e o mais importante aqui para nosso trabalho o aumento da quantidade de tempo das pessoas expostas a luzes. Como já vimos anteriormente, a luz é um regulador da produção de melatonina, então é fácil associar uma coisa à outra. Dentre as principais conseqüências da falta de sono contínua é a insônia crônica. Que pode ser primária ou secundária, se vem de alguma razão patológica ou não respectivamente.
Mas o que acontece quando uma pessoa fica mais de um ou dois dias sem dormir?
Além dos efeitos da não recuperação neuronal, do crescente mau humor e da diminuição da capacidade de raciocínio lógico, o que pode acontecer? Ninguém ao certo sabia até que um jovem radialista chamado Peter Tripp de Nova York foi tentar ficar 200 horas ou 8 dias sem dormir. Na verdade, nenhum psiquiatra ou médico já tinha acompanhado tal façanha pela falta de segurança que um experimento como esse poderia trazer. Mas ele estava decidido a fazer seu programa de rádio diário sendo acompanhado por médicos 24 horas por dia.
Ele é o caso extremo que vai ser analisado. Peter era muito ativo e engraçado e vivia nos anos 50 em Nova York. Para arrecadar fundos para seu programa de rádio, ele estava decidido a tentar o impossível, ficar 8 dias sem dormir. Os médicos ficaram a um primeiro momento preocupados, pois nesta época soldados vindos da China tinham sido torturados a ficar dias sem dormir e não recuperaram sua personalidade normal. Mas como Peter estava decidido, eles resolveram acompanhar de forma a não deixá-lo dormir de forma alguma, acompanhando ele para onde fosse. No começo nada parecia estar errado, Peter já tinha aguentado dois dias sem nenhuma consequência visível. A partir do terceiro dia, ele começou a alucinar. Via aranhas em seus sapatos e achava que ele estava sendo observado por assassinos. Os médicos, analisando suas ondas cerebrais, reparam que depois do quarto dia, havia momentos em que ele entrava em um estado de sono com ondas típicas do sono REM, mas sem as ondas gama. Nestes momentos ele estava mais propenso a alucinar.Também foi visível uma queda de temperatura média do corpo de Peter a cada dia. De acordo com o tempo ele foi ficando mais e mais nervoso e agressivo até acabar o experimento.
Ele tinha conseguido e, para comemorar, ele dormiu 24 horas direto. Mas mesmo assim não se recuperou totalmente, o que ficou comprovado depois de ele se separar da mulher poucas semanas depois.
Referências:
- Imagens: http://www.manfrommars.com/tripp.html
- http://cme.medscape.com/viewarticle/502825
- http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41135/tde-01042009-144507/
- http://en.wikipedia.org/wiki/Peter_Tripp
- http://www.youtube.com/watch?v=mXrANL9aqz8&feature=related
Marcadores: Leandro Pereira
sábado, 20 de junho de 2009
Extremos da Tolerância Humana na TV
Sobrevivi
Além de pesquisar o instinto de sobrevivência básico do homem, a série também revela os segredos da condição humana. Cada episódio narra uma façanha excepcional de sobrevivência, analisando os momentos cruciais e os dilemas morais da mesma. Os telespectadores vivem com intensidade a importância das decisões e reações dos protagonistas, perguntado a si mesmo: “o que eu faria para sobreviver?”
Todas as terças-feiras às 21:00hs no Discovery Channel e reprises nas quartas-feiras às 16:00hs.
Mais informações: www.discoverybrasil.com
Relatos de sobreviventes
Cada episódio abordará uma área específica - tal como voltar à vida ou cair do céu, a força super humana e ser atingido por um raio - e examinará o que está acontecendo através de vários casos surpreendentes.
Mesclando entrevistas e reconstituições, cada história é apresentada com uma narrativa curta e emocionante. Em seguida, reexamina-se e questiona-se o ocorrido. Através da ciência, são analisados os fatos de algo aparentemente impossível.
Visualmente, o programa usa a computação gráfica e a dramaticidade para descobrir do que o corpo humano é capaz.
Todas as quartas-feiras às 21:00hs no National Geographic Channel.
Mais informações: www.natgeo.com.br
Desmistificando a Dor Muscular Tardia
Houve um aumento significativo dos níveis de lactato no sangue imediatamente após a realização do exercício exaustivo, porém após o tempo T2h e T4h os valores encontraram-se nos níveis detectados para o grupo controle (CO), revelando uma estratégia de remoção deste metabólito. Pôde-se observar também que houve um comportamento idêntico quanto ao aumento de concentração de CK plasmática em todos os indivíduos, após 4 horas da realização do exercício exaustivo, com aumento significativo em T4h em comparação ao grupo controle. A concentração plasmática de lactato volta aos níveis pré-exercício 2h após a realização do exercício intenso e muito antes da instalação dos primeiros sintomas da dor muscular tardia. Conclui-se que a elevação das dosagens plasmáticas de CK após o exercício exaustivo pode ser em decorrência de um aumento de permeabilidade ou perturbação mais efetiva do sarcolema (membrana plasmática das fibras musculares), constituindo um primeiro evento participativo no desencadeamento da DMT.
1. Creatina quinase: Transferase que catalisa a reação de ATP + creatina para dar ADP + fosfocreatina. É ativada por Mg(2+). A reação armazena a energia do ATP como fosfocreatina no músculo e no tecido cerebral, e mantém constante a concentração muscular de ATP durante o início do exercício.
Referências
NETO, J. M. F. A., MELO, P., FILHO, J. P. A., et al. Desmistificando a Ação do Lactato nos Eventos de Dor Muscular Tardia Induzida pelo Exercício Físico: Proposta de uma Aula Prática Revista Brasileira de Ensino de Bioquímica e Biologia MolecularBiblioteca Digital de Ciências, Artigo 1, Edição 02/2006, 18 mar. 2006. Disponível em:
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Choques elétricos x Dor
Após o fim da hiperalgesia, os cientistas administram aos animais naltrexona (Nx, 50 mg) (fármaco que bloqueia a ação dos opióides, ou seja, dos analgésicos). A naltrexona reverteu o efeito analgésico dos choques de baixa frequência (LF), mas não alterou o efeito dos choques HF. Os estudos concluíram, portanto, que os choques HF em um primeiro momento, agem mais rápidos contra a hiperalgesia. No entanto, LF TENS apresentaram um efeito analgésico mais duradouro do que HF TENS. Esse efeito mais duradouro é em grande parte devido à liberação local de opióides endógenos (endorfinas).
Os estudos sobre o efeito analgésico das descargas elétricas sobre a pele tem muitas questões para se responderem ainda, entre elas, como os choques LF induzem a liberção de endorfinas. No entanto, uma coisa é certa: essas descargas têm efeito anti-hiperalgésico.
Referências, , , : Release of Endogenous Opioids Following Transcutaneous Electric Nerve Stimulation in an Experimental Model of Acute Inflammatory Pain. The Journal of Pain - Volume 9, Issue 2 (February 2008)
Marcadores: Vinícius Alves
O Corpo Humano: Um trabalhador incansável
1) Liberação de hormônio:
Na infância, cerca de 90% do hormônio do crescimento (somatotrofina) são liberados durante o sono. Crianças que dormem pouco têm mais chances de ter problemas no seu desenvolvimento.
2) Eliminição de estresse:
Uma noite bem dormida evita que o organismo acumule altos teores de cortisona. Esse hormônio, produzido pelas glândulas suprarrenais, é liberado em situações de estresse. Aquele isnuportável mau humor depois de uma noite mal dormida é explicado pelo acúmulo de cortisona.
3) Reposição de hormônio:
O hormônio do crescimento continua sendo liberado mesmo na fase adulta enquanto dormimos, embora em doses menores. Em "gente grande" ele evita a flacidez muscular e garante vigor físico.
4) Imunidade:
Durante o descanso, o corpo libera as interleucinas: substâncias que ajudam o organismo a se defender de invasores, como vírus e bactérias.
5) Apetite em equilíbrio:
É durante o sono que o organismo libera maior quantidade de leptina, o hormônio que controla a sensação de saciedade e mantém as pessoas longe dos eventuais ataques à geladeira durante a madrugada.
6) Evelhecimento precoce e tumores:
Enquanto uma pessoa dorme, o organismo se livra com mais facilidade dos radicais livres, moléculas que podem causar o envelhecimento precoce e até tumores.
7) Memória:
O sono interfere na regulação térmica do cérebro, função essencial para o bom funcionamento dos mecanismos de memória e da vida psíquica;
8) Fixação de informações:
Estudos indicam que a fase do sono REM (fase em que o cérebro trabalha a pleno vapor e desencadeia o processo de formação de sonhos) é responsável pela fixação de informações incomuns e estressantes, enquanto o sono não REM (fases 1 a 4 - obs: posteriormente falaremos das diversas fases do sono) se encarrega das informações de conteúdo emocionalmente neutro.
Marcadores: Vinícius Alves
Bioquímica da Queimadura
- Mastócitos que atuam liberando histamina;
- Sistema Calicreína com a atuação de cininas;
- Fosfolipases que desencadeam a cascata do ác. araquidônico que por meio da interação e regulação da liberação de prostaglandinas agem sobre o processo da APC.
A APC pode provocar situações perigosas ao organismo como a perda de eletrólitos essenciais como o sódio(Na+), potássio(K+) e cálcio(Ca2+) e no caso de queimaduras graves pode ocorrer o choque hipovolêmico(estado de choque em que o organismo não é capaz de fornecer sangue suficiente aos tecidos devido à perda significativa de volume sanguíneo ou distúrbio circulatório).
As queimaduras promovem uma relativa perda da barreira mecânica do tecido atingido; este processo promove alterações no sistema imune que provocam a diminuição da ação fagocítica e da atividade bactericida de neutrófilos e diminuição das imunoglobulinas que resultam na maior facilidade de invasão por bactérias.
A resposta metabólica do organismo compreende 2 fases:
- Na 1ª fase há o estabelecimento de hipometabolismo, diminuição do consumo de O2 e liberação de subtâncias vasoativas que represetam a fase de destruição de estruturas do tecido ;
- Na 2ª fase ocorre hipermetabolismo, aumento do catabolismo, liberação de hormônios e uso das reservas energéticas visando o restabelecimento das estruturas danificadas e recuperação do tecido lesado que demanda grande quantidade energética.
A análise mais aprofundada e a discussão a respeito das fases e processos relativos às reações bioquímicas das queimaduras será realizada na apresentação dos painéis.
Referências bibliográficas:
www.ufrrj.br/institutos/it/de/.../queima.htm
www.scribd.com/doc/16150579/Queimados-3
www.feridologo.com.br/faqueimadura.htm
Marcadores: Deivid Tavares
Como reagimos em situações extremas? O que acontece com o nosso corpo quando somos submetidos ao estresse? Por meio deste blog temos o intuito de discutir sobre o tema "Extremos da Tolerância Humana" na ótica da bioquímica e biofísica. Contamos com a participação do web leitor com comentários e perguntas que aprimoram a discussão. Bem-vindo!