Extremos da Tolerância Humana
sábado, 6 de junho de 2009
Bioquímica da Dor (pt. 2)
Além dos analgésicos, uma molécula muito importante nos processos de dor é o ATP (adenosina trifosfato). No processo evolutivo, a natureza atribuiu diversas funções para esta molécula: ela é uma peça fundamental para a "fabricação" do DNA, ela atua como um "transportador" de energia mas, somente na última década, os cientistas descobriram que ela também atua nos processos dolorosos. Quando se sofre um trauma, algumas células podem ser danificadas. Muitas vezes, as membranas destas células se rompem, e o conteúdo citoplasmático acaba sendo liberado para o meio intercelular. Entre estas substâncias, encontra-se o ATP. Certos nociceptores (receptores para dor) são sensíveis ao aumento da concentração intercelular de ATP e respondem ativando um estímulo de dor, alertando o sistema nervoso central (SNC) que algo não está correto naquela área. Foi somente em 1995 que este mecanismo foi compreendido quando o receptor para o ATP foi clonado.
Recentemente, um grupo de cientistas produziu ratos geneticamente modificados para serem deficientes do nociceceptor para ATP. A constatação foi que, embora aparentemente saudáveis, os ratos eram menos suceptíveis a dores nos seus tecidos, mas somente nos casos onde a destruição era interna e sem toque. Para testar a sensibilidade, eles aplicaram injeções de ácido clorídrico nas patas dos ratos normais e dos geneticamente modificados. Os ratos deficientes em receptores de ATP, embora tivessem, também, com os pés bastante inchados, pareciam não se incomodar, enquanto que os ratos normais lambiam suas patas constantemente, um sinal claro de que estavam com dor. No entanto, todos os ratos eram sensíveis a outros estímulos, como ao calor e a agulhadas na cauda.
Referências
- C.Chen et al, Nature, 1995, 377, 428
- D. Cockayne et al, Nature, 2000, 407, 1011
Marcadores: Vinícius Alves
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